Ao invés

Tem um outro eu aqui dentro que grita.
Todo o dia.
Todo dia.
Passa a maior parte do tempo oprimido, buscando um espaço no mundo exterior.
As preocupações e ansiedades da rotina foram aos poucos fazendo-o ficar de lado.
É essa busca louca por conhecimento aparente, ao invés do real.

Atarefado ao invés de extasiado.
Conformado ao invés de curioso.
Estagnado ao invés de ativo.
Preso ao invés de livre.
Livre

Escolhi

Há uns 6 anos, lembro estar buscando o significado de liberdade, o que ela era, de onde ela vinha e o que era ser livre. E, de fato, acho que na época entendi e senti o que era liberdade.

E foi ao me sentir livre que decidi me limitar de novo, pouco a pouco, em vários sentidos.
Alguns limites foram conscientes. Já outros vieram sem ser notados, pelo ofuscamento do sentir-se livre.

Tudo o que me restou desses novos limites foi ansiedade por causa do futuro. Não que isso já não fosse presente antes, mas depois de entender e sentir a liberdade esqueci o que ela significava.

Escolhi ser preso.
Escolhi ser dependente.
Escolhi não ser livre, sem saber o que estava escolhendo.

Decidi viver a mesma rotina contra a qual eu tanto conspirava.

ô...
Já passei muito tempo cuidando do que não era meu
do que nunca foi e, pra falar a verdade, hoje eu não quero que seja

Gastei muito do pouco tempo que tenho
com preocupações efêmeras
com conceitos relativos
com hábitos da moda local
com o exterior no geral

Destruí meu corpo
Machuquei minha alma
Confundi meu espírito
e pra que ?

Pra ser bem visto
Pra ser bem quisto
Pra roubar risadas
muitas vezes contrafeitas
Pra satisfazer pseudonecessidades imediatas
Inventadas por outras mentes
e por outros conceitos incertos